sábado, 2 de julho de 2016

Tempo

Ontem fez 35 anos que “aportei” no Bairro Mauá.

O portal de entrada imponente – pelo menos para um garoto de cinco anos, me impressionou de cara, parecia a entrada de uma fazenda, histórica como a nossa cidade de Petrópolis. 
Um bairro pequeno e desconhecido de quase todos, que tinha nas suas poucas ruas, mais terrenos do que casas, e também uma curiosidade: As suas ruas não eram batizadas com nomes de artistas, personalidades ou famosos, como de costume – elas eram organizadas sequencialmente por letras, de A a E.

Meu pai conseguiu autorização para batizar a nossa rua B, que passou a se chamar Rua Padre José Mauricio, uma bela homenagem ao grande músico brasileiro nascido José Maurício Nunes Garcia, em 1767 no Rio de Janeiro, que mesmo sendo descendente de escravos, estudou música, letras e ciências humanas, e se tornou mestre de Capela da Catedral do Rio de Janeiro – uma referência na música brasileira do período de transição entre o Brasil Colônia e o Brasil Império.

Voltando ao bairro Mauá, o meu 1° de julho de 1981 foi de ajuda à minha mãe com a mudança e a descoberta da casa nova. Lembro-me da minha tia me pegando no colo para lavar as mãos na pia do banheiro, após almoçar um mexidinho de arroz e ovo, feito no fogão recém instalado.
Logo fiz amizades no bairro, meu amigo vascaíno Renato Fragoso, protagonizou o primeiro papo, sob o baixíssimo muro que dividia as casas vizinhas. Logo vieram mais amigos, como o Guilherme e Cadinho, e outros mais, dos quais perdi o contato e não tenho notícias, como o Bruninho(filho do Abel, que morava na Vila Isabel, no Rio, e passava fim de semana na casa da rua C (futura Jorge Lemgruber), e os irmãos Kiko e Ique(Rodrigo e Luis Henrique), da casa grande do Largo. Brincávamos muito, jogávamos bola, botão, bolinha de gude, soltávamos pipa, programávamos corridas intermináveis de bicicleta, sonhávamos e construíamos pistas de cross nos terrenos - tínhamos uma parceria forte.

Os anos seguintes, de 1987 a 1992 foram também muito significativos. A quantidade de adolescentes juntos era enorme. Nós meninos já havíamos largado pipa, bola e botão, e as meninas também os papéis de carta e as bonecas, agora nós estávamos todos juntos, conversando, ouvindo música, tocando violão e cantando, confabulando as primeiras festinhas e sonhando juntos. Os desafios eram outros, não sobrar na dança da vassoura, ter o papo mais cabeça, decorar Eduardo e Mônica e Faroeste Caboclo, que tocavam na vitrola da garagem da Fabiana e Luciana, mostrar que não éramos mais crianças.

O bairro era muito alegre e festeiro, não precisávamos de muita coisa e nem de dinheiro para nos divertir. Sonhávamos e tínhamos tempo!

Tempo, espaço entre o começo e o fim de um acontecimento, duração, série ininterrupta e eterna de instantes. Época, temporal.

O que você lembra desse tempo?