Um time, uma torcida, uma cidade.
Tomei um soco no queixo, fui nocauteado impiedosamente. Não
consigo trabalhar, não consigo pensar.
Sempre admirei o futebol de Santa Catarina, me lembra o
futebol alemão - cada cidade representada por um clube de futebol.
São na maioria cidades de pequeno porte, com suas economias que,
distantes dos grandes centros, são obrigadas a se desenvolver e se tornarem
independentes - indústria, agronegócio, economia familiar, prestação de
serviços, cultura e esporte.
Longe dos holofotes dos grandes centros do futebol
brasileiro, Santa Catarina sempre se dividiu entre torcer pelos times cariocas
e gaúchos, por influência geográfica no caso dos pampas, e pela capilaridade
nacional da carioca Rede Globo.
O crescimento dos times catarinos dos últimos anos é
sustentado pelo fortalecimento econômico da região, pelo sentimento bairrista
do torcedor com o time da sua cidade, por ir ao estádio, vestir a sua camisa,
encontrar os jogadores andando nas ruas da sua cidade.
É o paradoxo à avalanche cosmopolita de Barcelonas e Real Madris que
toma conta da garotada brasileira – menos a garotada de Chapecó.
Chapecó é a prova da viabilidade do futebol brasileiro do
interior. Com cerca de 200 mil habitantes, a cidade preenche as arquibancadas
da Arena Índio Condá de verde e branco, cores da Associação Chapecoense de
Futebol - que com organização e vontade, o clube de apenas 43 anos, alcançava
seu maior êxito, prestes a jogar a final de uma competição continental.
Como disse Beto Guedes na canção Veveco, Canelas e Panelas: “para
quem não me conhece, eu sou brasileiro, um povo que ainda guarda a marca
interior.”
Na minha cidade – Petrópolis/RJ, temos o Serrano Foot-Ball
Club, centenária agremiação que está sendo resgatada por um grupo de amantes do
futebol, personalidades da cidade e do esporte que estão se esforçando para
trazer a torcida e o time de volta ao cenário. A Chapecoense é o meu exemplo, é
a comprovação desta viabilidade, é a referência a ser seguida.
A Chape nos representa, mostra um país feito não apenas
pelos gigantes, mas também pelos grandes, pelos fortes, pelos heróis! A
tragédia abala o mundo inteiro como uma avalanche, um tsunami, um 11 de
setembro. À cidade, às famílias, ao Clube, à torcida, toda a solidariedade e
toda força para seguir em frente, sempre!
Tomei um soco no queixo, fui nocauteado impiedosamente. Não
consigo trabalhar, não consigo pensar.
#Chapecoense