terça-feira, 29 de novembro de 2016

Um time, uma torcida, uma cidade

Um time, uma torcida, uma cidade.

Tomei um soco no queixo, fui nocauteado impiedosamente. Não consigo trabalhar, não consigo pensar.
Sempre admirei o futebol de Santa Catarina, me lembra o futebol alemão - cada cidade representada por um clube de futebol.
São na maioria cidades de pequeno porte, com suas economias que, distantes dos grandes centros, são obrigadas a se desenvolver e se tornarem independentes - indústria, agronegócio, economia familiar, prestação de serviços, cultura e esporte.
Longe dos holofotes dos grandes centros do futebol brasileiro, Santa Catarina sempre se dividiu entre torcer pelos times cariocas e gaúchos, por influência geográfica no caso dos pampas, e pela capilaridade nacional da carioca Rede Globo.
O crescimento dos times catarinos dos últimos anos é sustentado pelo fortalecimento econômico da região, pelo sentimento bairrista do torcedor com o time da sua cidade, por ir ao estádio, vestir a sua camisa, encontrar os jogadores andando nas ruas da sua cidade.
É o paradoxo à avalanche cosmopolita de Barcelonas e Real Madris que toma conta da garotada brasileira – menos a garotada de Chapecó.   
Chapecó é a prova da viabilidade do futebol brasileiro do interior. Com cerca de 200 mil habitantes, a cidade preenche as arquibancadas da Arena Índio Condá de verde e branco, cores da Associação Chapecoense de Futebol - que com organização e vontade, o clube de apenas 43 anos, alcançava seu maior êxito, prestes a jogar a final de uma competição continental.
Como disse Beto Guedes na canção Veveco, Canelas e Panelas: “para quem não me conhece, eu sou brasileiro, um povo que ainda guarda a marca interior.”
Na minha cidade – Petrópolis/RJ, temos o Serrano Foot-Ball Club, centenária agremiação que está sendo resgatada por um grupo de amantes do futebol, personalidades da cidade e do esporte que estão se esforçando para trazer a torcida e o time de volta ao cenário. A Chapecoense é o meu exemplo, é a comprovação desta viabilidade, é a referência a ser seguida.
A Chape nos representa, mostra um país feito não apenas pelos gigantes, mas também pelos grandes, pelos fortes, pelos heróis! A tragédia abala o mundo inteiro como uma avalanche, um tsunami, um 11 de setembro. À cidade, às famílias, ao Clube, à torcida, toda a solidariedade e toda força para seguir em frente, sempre!
Tomei um soco no queixo, fui nocauteado impiedosamente. Não consigo trabalhar, não consigo pensar. 

#Chapecoense

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