Hoje foi dia do Serrano,
Dia de lavar a alma, alma que
andava quieta, cabisbaixa, que passava despercebida, quase que sussurrando as
memórias de um passado cada vez mais longínquo. O gramado andava triste, a rua sem
carros, o estádio vazio, e a bola, na estante, – Mas hoje foi dia de Serrano!
Dia de subir o mais difícil degrau,
do lugar mais ermo do futebol profissional, a um lugar intermediário, que ainda
sim, consideramos uma passagem, quase que espírita, para onde realmente desejamos
chegar.
Foram anos de sofrimento,
enfrentando adversários que, com todo o respeito, não eram da nossa altura, não
possuíam a nossa torcida, não tinham a nossa história.
Foi montado o novo scratch – mesmo com todas as dificuldades
comuns a qualquer clube centenário asfixiado economicamente, contando com o
amor e o suor de jogadores, comissão técnica e vários profissionais que se
doaram ao clube.
O Serrano precisava da vitória
para garantir o acesso hoje, antecipadamente - não aguentávamos mais esperar,
tinha de ser hoje. O artilheiro Marcelo Macedo fez o velho Atílio Marotti,
prestes a completar 66 anos, parecer um garoto aos 15. O empate do
Duquecaxiense veio como uma ducha gelada, mas nos últimos minutos, o alívio
chegou com mais um gol do artilheiro petropolitano, numa explosão de comemoração
da massa azul.
Foi dia de choro e emoção, de reviver
o futebol da nossa cidade, a nossa torcida, a nossa tradição. Foi dia de
relembrar Anapolina – vivo nas camisas e na memória dos torcedores, celebrar
Acácio, cultuar Garrincha e todos os nossos ídolos, reviver as façanhas e os
títulos estaduais de 1925, 1945 e os cariocas série B de 1992 e 1999.
Que venha a série B no ano que
vem! Olha só, enfrentaremos o America!
Goytacaz, Americano, Olaria, São
Cristóvão, quantos clubes de tradição.
O título da série C – é claro que
queremos, mas nenhuma emoção será maior que a retomada do clube, da torcida e o
engarrafamento da Rua Madre Francisca Pia aos domingos.
Hoje foi dia de Serrano!
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